ASSÉDIO MORAL

Record tem três casos de assédio moral e sexual em oito meses no jornalismo

Âncora diz ter sofrido pressão por ganhar peso após gravidez: "você tem que estar: bonita, apresentável e não errar"

Daiane Bombarda.Créditos: Reprodução de Vídeo
Escrito en MÍDIA el

O jornalismo da TV Record acaba de tomar o seu terceiro processo por assédio moral no departamento em um intervalo de oito meses.

Daiane Bombarda, contratada pela Record News em 2015, acaba de entrar com um processo contra a emissora por assédio moral no Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região, que fica em Campinas (SP). Ela pede R$ 1,1 milhão de indenização. Casos semelhantes envolvem também a empresa e as jornalistas Elian Matte e Rhiza Castro.

Bombarda comandou telejornais como Link Pop, Jornal da Record 24h, Hora News e Mundo Meio Dia no canal de notícias da Record durante cerca de quatro anos. Segundo a jornalista, ao contrário do assédio sexual sofrido pelas colegas, ela sofreu assédio moral por ter ganho sobrepeso após a sua primeira gravidez.

"Com a coragem da Rhiza Castro de expor o seu caso, pedi ao meu advogado para fazermos isso", disse Daiane ao F5.

Gravidez

A jornalista engravidou em 2019 e saiu de licença-maternidade. Ela ganhou peso após a sua volta e a Record News teria determinado que ela usasse roupas maiores para que não se mostrasse um suposto excesso de peso.

"Você tem que estar: bonita, apresentável e não errar", teria dito a ela o atual gerente geral da Record News, Moisés Lucena. De acordo com Bombarda, foi Moisés quem mais lhe assediou moralmente no trabalho.

"Teve vez de eu ter que trocar a minha roupa porque falaram que a que eu usava me deixava ainda mais gorda. Por vezes, tinha que mandar foto vestindo a roupa antes de entrar no estúdio para o celular do chefe para ele dar a aprovação", contou a ex-âncora.

Lucena foi produrado pelo f5, mas não respondeu.

Burnout

Após sofrer pressão no trabalho por conta do peso, ela chegou a se afastar por 15 dias. "Quando me dei conta, estava tomando medicações, com diagnóstico de Burnout. Meus colegas me acudiram, mas a vontade era de correr, literalmente, de lá. Isso tudo com uma filha bebê", contou.

Ela afirma que, em 2020, teve um mal-estar súbito e não conseguiu apresentar o Record News Rural, que comandava naquela ocasião. Ficou, então, afastada por 90 dias. Ela conta que não conseguia sequer conseguia pisar na emissora. Naquele ano, ela decidiu ir à Justiça contra a emissora.

Ela perdeu nas decisões de primeira e segunda instância. A Justiça concordou com os argumentos da Record. Ela, agora, recorre das decisões em tribunais superiores.

Por conta de tudo o que passou, ela alega ter desistido da carreira na televisão e chegou até a recusar um convite da EPTV, afiliada da Globo no interior de São Paulo. Ela diz que TV virou um lugar tenebroso.

"É algo que nunca vou superar. Hoje é menos pior, sim. Tenho dois filhos lindos, um marido incrível que sempre me ouviu e me apoiou, que acreditou em mim. Mas o trauma, não sei descrever o que sinto... Eles acabaram com a minha carreira, com meu sonho. Anos de dedicação, de estudos, para acabar nisso", diz.

Com informações do f5