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O fim dos EUA? As especulações sobre a fragmentação da maior potência do mundo voltam às redes

Como seriam os Estados não Unidos? O que dizem economistas, jornalistas e teóricos sobre uma eventual fragmentação territorial da potência

Um mundo sem os EUA é difícil de se imaginar, mas ele existiráCréditos: Creative Commons
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Quando a Guerra Fria acabou no início dos anos 1990, os EUA se tornaram a maior e indiscutível potência global. A unipolaridade, porém, passou a ser questionada e hoje está em franco debate ao redor do mundo.

Rússia, China, Brasil e outras potências globais questionam o papel de Washington como poder hegemônico. Mas, a cada dia que passa, é difícil imaginar um mundo sem os EUA.

Certamente, um dia o império irá ruir. Não sabemos como, quando, nem por que, ou se haverá humanidade na Terra nesse momento.

Mas existem algumas pessoas que já se exercitaram para pensar o que seria dos EUA sem a sua união. Como seriam os Estados Desunidos da América?

Nesta semana, diversos jornalistas e influenciadores passaram a debater o tema nas redes sociais, motivados por um influenciador cubano pró-Rússia, El Necio, que colabora com Telesur e outros veículos do mundo. O que dizem as teorias?

O que se diz nos EUA?

Mapa dos EUA segregado segundo Joel Garreau

Os dois principais estudos ou conjecturas sobre o tema partiram dos jornalistas Colin Woodard e Joel Garreau. Os dois autores analisaram as divisões culturais e regionais dos Estados Unidos, cada um com uma abordagem distinta.

Em American Nations: A History of the Eleven Rival Regional Cultures of North America, de 2011, Woodard identifica onze "nações" culturais distintas na América do Norte, formadas a partir de padrões históricos de colonização e migração. Segundo ele, essas culturas regionais mantêm suas características e valores ao longo do tempo.

As onze nações incluem Yankeedom (nas proximidades de Nova York), New Netherland (ao norte de Nova York), The Midlands (Centro-leste, incluindo Chicago, Ohio e Pensilvânia), Tidewater (que inclui Virginia e Maryland, locais da antiga burguesia e aristocracia estadunidense), Greater Appalachia (Interior dos estados do sul e centro), Deep South (Sul marcado pela segregação), El Norte (fronteira Texas-México), The Left Coast (Pacífico), The Far West (Velho Oeste), New France (Lousiana e Quebec), e First Nation (Terras indígenas).

Já na obra As Nove Nações da América do Norte, Garreau propõe que a América  é dividida em nove "nações" econômicas e culturais, baseadas em geografia econômica e padrões de vida contemporâneos, sem distinção entre América Central, Canadá e EUA.

Suas nove nações são New England (Nova York e Canadá), The Foundry (região industrial na costa leste), Dixie (o Sul), The Breadbasket (o meio oeste agrário), The Islands (Caribe, Flórida e América Central), MexAmerica (México e Texas), Ecotopia (Costa Oeste até Vancouver), The Empty Quarter (Grandes Montanhas), e Quebec.

Woodard foca na herança cultural e histórica desde a colonização, ao contrário de Garreau. O primeiro também considera questões políticas essenciais que fomentam a segregação dos estados dos EUA de maneira a imaginar uma eventual guerra civil.

As ideias de Panarin

Talvez quem tenha melhor descrito uma eventual separação estadunidense do ponto de vista geopolítico foi Igor Panarin, um analista político, professor russo e ex-funcionário da KGB.

Mapa dos EUA segregados segundo Panarin

De acordo com Panarin, vários fatores econômicos, sociais e culturais levariam à fragmentação dos EUA. Ele previu que, por volta de 2010, os Estados Unidos enfrentariam uma crise econômica profunda. Até aí, acertou.

Depois, previuu uma de uma guerra civil e, finalmente, a divisão do país em seis partes distintas, cada uma se unindo a diferentes potências globais. Sua previsão incluía a seguinte divisão:

1. Califórnia e partes do Oeste: formariam a República da Califórnia e possivelmente se uniriam à China.
2. Texas e o Sul: formariam a República do Texas e poderiam se juntar ao México.
3. Centro-Oeste e as Grandes Planícies: formariam a República Central-Norte-Americana.
4. Nordeste: incluindo Nova York e Nova Inglaterra, integrariam-se com a União Europeia.
5. Alasca: retornaria ao controle russo.
6. Havaí: se tornaria parte do Japão ou da China.

Embora essa teoria tenha recebido atenção, principalmente durante a crise financeira de 2008, ela não se materializou e foi amplamente criticada por especialistas como improvável e especulativa.

Naturalmente, a guerra civil pós 2008 não aconteceu e a teoria não se concretizou. Da mesma maneira, estudiosos americanos já propuseram, por exemplo, a segregação da Rússia em diferentes estados e oblasts.

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