CHINA EM FOCO

Xi Jinping e Joe Biden conversam por telefone sobre relações bilaterais

Presidentes das duas maiores economias do mundo, China e EUA, trataram de temas como Taiwan, Hong Kong e Mar do Sul da China e guerras em Gaza e na Ucrânia

Créditos: Xinhua - Encontro entre Xi Jinping e Joe Biden em novembro de 2023 em São Francisco, na Califórnia
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Os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Joe Biden, conversaram por telefone nesta terça-feira (2) a pedido do lado estadunidense. Foi o primeiro diálogo entre os líderes desde a histórica cúpula em novembro e reflete os esforços contínuos das autoridades dos dois países para aliviar as tensões entre as duas superpotências.

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Na pauta, questões de interesse das duas maiores economias do mundo, incluindo pontos de atrito entre os dois países. Ambos conversaram sobre as atuais turbulências globais, como as guerras em curso em Gaza e na Ucrânia e as capacidades nucleares da Coreia do Norte.

Xi e Biden também dialogaram sobre questões que prejudicaram a relação entre Washington e Pequim, incluindo Taiwan, as tensões no Mar do Sul da China e os direitos humanos.

De acordo com registro da Agência de Notícias Xinhua, o encontro entre os dois líderes, realizado em São Francisco, na Califórnia (EUA), em novembro de 2023, proporcionou a Xi uma visão de futuro das relações bilaterais entre China e EUA e que desde então, ao longo dos últimos meses, funcionários dos dois lados agiram com seriedade nas compreensões presidenciais.

"A relação entre China e EUA está começando a se estabilizar, e isso é bem-vindo tanto pelas sociedades quanto pela comunidade internacional. Por outro lado, os fatores negativos da relação também têm crescido, e isso requer atenção de ambos os lados", observou Xi.

Xi enfatizou que a questão da percepção estratégica é sempre fundamental para a relação China-EUA, assim como o primeiro botão de uma camisa que deve ser colocado corretamente.

"Dois grandes países como China e Estados Unidos não deveriam cortar seus laços ou virar as costas um ao outro, muito menos entrar em conflito ou confrontação. Os dois países devem se respeitar, coexistir em paz e buscar cooperação mutuamente benéfica. A relação deve continuar avançando de forma estável, sólida e sustentável, em vez de retroceder", afirmou o presidente chinês.

 Xi destacou três princípios gerais que devem orientar as relações China-EUA em 2024:

  1. Primeiro, a paz deve ser valorizada. Os dois lados devem colocar um piso de ausência de conflito e confronto sob a relação, e continuar reforçando a perspectiva positiva da relação.
     
  2. Segundo, a estabilidade deve ser priorizada. Os dois lados devem abster-se de retroceder na relação, provocar incidentes ou ultrapassar os limites, para manter a estabilidade geral da relação.
     
  3. Terceiro, a credibilidade deve ser mantida. Os dois lados devem honrar seus compromissos uns com os outros com ação e transformar a visão de São Francisco em realidade.

O presidente chinês ressaltou que China e EUA precisam fortalecer o diálogo de maneira mutuamente respeitosa, gerenciar as diferenças com prudência, avançar na cooperação no espírito de benefício mútuo e intensificar a coordenação em assuntos internacionais de forma responsável.

Questão de Taiwan: linha vermelha que não deve ser cruzada

Xi enfatizou que a questão de Taiwan é a primeira linha vermelha que não deve ser cruzada nas relações China-EUA. Ele instou o lado dos EUA a traduzir o compromisso de Biden de não apoiar a "independência de Taiwan" em ações concretas.

"Diante das atividades separatistas de 'independência de Taiwan' e do encorajamento e apoio externos a elas, a China não vai ficar de braços cruzados", destacou Xi.

Tentativa dos EUA de conter a China

O presidente chinês afirmou que o lado dos EUA adotou uma série de medidas para suprimir o desenvolvimento comercial e tecnológico da China e está adicionando cada vez mais entidades chinesas às suas listas de sanções.

"Isso não é 'des-risco', mas criação de riscos. Se o lado dos EUA estiver disposto a buscar cooperação mutuamente benéfica e compartilhar os dividendos do desenvolvimento da China, sempre encontrará a porta da China aberta; mas se insistir em conter o desenvolvimento de alta tecnologia da China e privar a China de seu legítimo direito ao desenvolvimento, a China não vai ficar de braços cruzados e assistir", observou Xi.

Biden afirma que não busca uma nova Guerra Fria

A conversa entre Xi e Biden foi anunciada pela Casa Branca durante uma coletiva regular de imprensa realizada nesta terça-feira (2). Leia aqui o comunicado em inglês.

A Casa Branca descreveu a conversa de uma hora e quarenta e cinco minutos como "direta e construtiva", abordando uma série de questões sobre as quais os líderes concordaram e discordaram.

Biden enfatizou a necessidade de manter a "paz e a estabilidade" em todo o Estreito de Taiwan e também expressou suas preocupações sobre o apoio da China à indústria de defesa da Rússia, acrescentou a Casa Branca.

O democrata observou que a relação EUA-China é a mais importante do mundo. O progresso na relação desde a reunião de São Francisco demonstra que os dois lados podem avançar na cooperação enquanto gerenciam responsavelmente as diferenças.

O estadunidense reiterou que os Estados Unidos não buscam uma nova Guerra Fria, seu objetivo não é mudar o sistema da China, suas alianças não são direcionadas contra a China, os EUA não apoiam a "independência de Taiwan" e os EUA não buscam conflito com a China.

"Os EUA seguem a política de uma China. É do interesse do mundo que a China tenha sucesso. Os EUA não querem limitar o desenvolvimento da China e não buscam 'desacoplamento' da China", afirmou Biden

O presidente democrata também observou preocupações sobre as práticas comerciais da China, que a Casa Branca disse prejudicarem os trabalhadores estadunidenses, e enfatizou que os EUA farão o que for necessário para impedir que "tecnologias avançadas estadunidenses sejam usadas para minar nossa segurança nacional, sem limitar indevidamente o comércio e o investimento".

Viagens de altos funcionários dos EUA para a China

Os EUA enviarão a secretária do Tesouro, Janet Yellen, e o secretário de Estado, Antony Blinken, para visitar a China em breve para fortalecer o diálogo e a comunicação, evitar cálculos errados e promover a cooperação, a fim de avançar na relação de forma estável e responder conjuntamente aos desafios globais.

Os dois presidentes consideraram a ligação telefônica franca e construtiva. Os dois lados concordaram em manter comunicação e encarregar suas equipes de cumprir a visão de São Francisco, incluindo o avanço dos mecanismos de consulta sobre questões diplomáticas, econômicas, financeiras, comerciais e outras.

Os dois lados também anunciaram aprimorar a comunicação militar-militar, por meio de diálogo e cooperação em áreas como combate às drogas, inteligência artificial e resposta ao clima, dando mais passos para expandir os intercâmbios entre pessoas e aprimorar a comunicação sobre questões internacionais e regionais.

O lado chinês recebeu com satisfação as visitas à China da Secretária do Tesouro Yellen e do Secretário de Estado Blinken em um futuro próximo.