MATANÇA

A resposta chocante de Derrite sobre número de mortos na Operação Verão

Operação foi alvo de denúncias por entidades de direitos humanos por torturas, execuções sumárias e abordagens violentas, e chegou até a ONU

Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo.Créditos: Fernando Frazão/Agência Brasil
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O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que desconhecia o número total de mortos na Operação Verão, na Baixada Santista, a mais letal desde o Massacre do Carandiru, e que foi encerrada nesta segunda-feira (1°).

"Eu nem sabia que eram 56, eu não faço essa conta", afirmou Derrite, durante agenda na capital paulista com o prefeito Ricardo Nunes (MDB).

"Pra mim, o ideal é que não fosse nenhuma, mas no mundo real em que a gente vive, a negligência do combate ao crime organizado no Brasil e no estado de São Paulo chegou num ponto que qualquer viatura policial vai sofrer disparo de arma de fogo", acrescentou o secretário. 

Operação Verão

A Operação Verão, antes chamada de Operação Escudo, deixou 56 mortos entre janeiro e março deste ano. Somada com a primeira fase, que aconteceu no ano passado, são mais de 80 mortes.

A operação foi alvo de críticas por entidades de direitos humanos devido à violência e alta letalidade. Em relatório feito por 13 organizações, relatos de moradores apontaram execuções sumárias, torturas, obstrução de justiça, invasões de domicílio e abordagens policiais violentas. A operação chegou a ser denunciada na Organização das Nações Unidas (ONU) duas vezes, uma em setembro do ano passado e outra em março deste ano. 

Na sexta-feira (29), a operação fez a primeira vítima de bala perdida.Edneia Fernandes Silva, de 31 anos, foi morta com um tiro após a chegada de três policiais que faziam patrulhamento de moto, na Praça José Lamacchia, no bairro Bom Retiro, na Zona Noroeste de Santos. Ela deixou 6 filhos.

Já nesta segunda-feira (1°), um vídeo, gravado por um morador, mostrou policiais disparando 188 tiros de fuzil contra três "suspeitos" no Morro Nova Cintra, em Santos. 

Mesmo com o fim da operação, o secretário informou que a segurança na Baixada Santista receberá um reforço significativo. Um contingente de 341 policiais militares, entre soldados, cabos e sargentos, passará a atuar permanentemente na região. Ademais, há previsão para o aumento do número de policiais civis, com a formação de novos agentes ainda em 2024.